sábado, 19 de março de 2011

A Vigésima Análise

Para Heitor, seus vinte anos.

Quantos anos vive um homem?
Quanto tempo carrega a face,
as costas
a cruz pesada?

Agora são vinte cruzes,
crucifixos da vitória.
São vinte fluidos
que não se fixam
todos eles infixáveis:
astutos correm soltos
entre os dedos do futuro.

Há sol a pino,
não é tarde.
Vejo grandes edificações
e a paz de suas sombras
de seus frutos
de seus medos

Em luta resistimos
sem o heroísmo dos resistentes.
Resistimos, somente
à vital batalha.

Lutou-se, com fastio, pela manhã.
E veio a manhã
a tarde, a noite
os entardeceres crepusculares:
Todos - não tardarão.

Nesse ínterim,
enquanto vivos, perguntaremos.
Conservaremos na alma a manhã,
na alma a noite,
a alma noturna.

No dia seguinte os frutos
maduros
se oferecerão submissos.
E ante a lâmina
incerteza da vida
haverá, tão somente,
a própria vida.

Vinícius Sado Rodrigues,
18 de março, 2011.


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