segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mosaico do Insólito

MAGNÓLIA

título original: (Magnolia)
lançamento: 1999 (EUA)
direção: Paul Thomas Anderson.
atores: Philip Seymor Hoffman, Julianne Moore, Tom Cruise.
duração: 188 min
gênero: Drama
O filme de Paul Thomas Anderson é, sem dúvida, uma das maiores preciosidades do cinema da década de 90. Nos apresenta um mosaico das relações humanas por meio do acompanhamento da história de vida de diversos personagens, que por diversas vezes se cruzam e rendem cenas emocionantes.

No melhor estilo "Short Cuts", "Amores Brutos" e "Crash", por cerca de três horas que, realmente, parecem passar despercebidas, tamanha coesão aplicada ao roteiro, o filme empolga do começo ao fim e, acima de tudo, nos emociona ao apresentar histórias de "gente comum" em situações insólitas, mas possíveis, que nos colocam no liame do limite. "O que fazer? Como aguentar tamanha dor?" talvez seja o questionamento mais latente nas histórias mostradas e que chega ao clímax na fantástica cena em que os personagens embalam o som de "Wise Up". Impossível não se emocionar.

Norteados pela experiência num programa de TV, os personagens destacados nos trazem fortes questionamentos. Como o personagem de Tom Cruise (perfeito, como [quase]sempre, em atuação injustamente preterida pela Academia), que cedo teve de lidar com o abandono do pai e a morte da mãe e agora, por ironia (será?), ganha a vida ensinando o machismo-alfa dominador para homens de plantão. Ou o personagem de William H. Macy, que funciona como um anúncio do que provavelmente ocorreria com o garotinho que compete atualmente no programa em foco. Juliannne Moore também está fantástica e consegue transmitir de forma intensa e instigante o peso da dor pelos atos passados e da corrosão que implica o amor inalcansável e que está se desfazendo.

Cenas antológicas, e que trazem consigo um puta questionamento (de tudo). Talvez isso seja o que mais fica ao espectador de Magnólia. Destaque para algumas: a cena em que Julianne dá um "esporro" no rapaz da farmácia; a cena em que o garotinho mija nas calças em pleno programa; a cena em que o personagem de William H. Macy diz "amar a todos", no bar; a cena final emblemática entre o casal Jim e Claudia; a já referida cena em que todos cantam "Wise Up" e, como não poderia deixar de ser, a fantástica cena-insólita da "tempestade de sapos", que consegue superar (e muito) a também insólita cena do terremoto de "Short Cuts".

Enfim, cenas que compõem esse que é, como já dito, um filme fantástico e que deve figurar, sem dúvido, no hall de qualquer admirador do bom cinema crítico.

Vale a pena "gastar" [ganhar] 3 horas!

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