sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ponto Final



Chegou à frente do computador. Abriu o chat. Para ninguém lhe impugnar crueldade ou insensibilidade, decidiu dar uma última chance para o amor: jurou pra si mesmo que caso ela puxasse naquele momento, qualquer assunto, ele iria esquecer toda a tensão e estaria disposto a começar tudo do zero, recomeçar a história. Qualquer assunto, a hiperinflação argentina, a queda do muro da Tanzânia, a troca de sexo de amigo em comum, algum episódio de Caverna do Dragão, enfim, qualquer coisa. Bastava um “oi”, um sinal de vida, e tudo estaria resolvido. Ela voltaria à sua vida, entraria na porta da frente, de gala. Não disse nada. Ficou calada, muda. Saiu pela porta dos fundos que, agora ele fazia questão de trancar. Ela ficou em silêncio, como fez nos últimos dois meses em que estavam sem se falar. A janelinha do chat subiu. Ela estava on. Quinze minutos, ele iria esperar quinze minutos. Trinta se passaram e nada. Decidiu: iria colocar um ponto final, em tudo. Mandou um email.
Ela abriu o chat. Naquele dia pensara em sua vida e tinha tomado uma decisão: iria esquecê-lo de uma vez por todas e se entregar à nova paixão. Entrou, então, no chat para falar com essa tal nova paixão, não tão nova assim. Fazia cerca de dois meses que não conversavam. Clicou na janela de bate-papo. Não deu nada. O programa estava com defeito. Talvez seja vírus. No dia seguinte viu que recebera um email dele, acabando com tudo. Terminando tudo que nem existia.

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